Queria ser mais. Queria ser algo.
Depressiva mais uma vez, sentada no quarto vazio, o cigarro a queimar, redigindo palavras e sentimentos, ambos, sem razão.
Talvez esteja fazendo tudo de errado e controverso em minha vida, para estar me sentindo assim tão regularmente, ou pela ressaca mal passada de noites mal dormidas.
Me cansei de falar, me esqueci o som da minha voz, vivendo assim sem compartilhar o que sinto têm sido horrível, horrível mesmo é saber que não se faz diferença alguma.
Se a vida fosse como nos filmes não seria assim tão difícil e amargo o gosto do sol raiando, iluminando-nos pelos cantos mais sombrios...
'Estou ficando velha, estou ficando louca'.
Talvez me perdendo nos livros, nas canções e nos longas da vida, seja mais suportável assim viver.
Estou cansada dos talvez, Miles procurava por um grande Talvez, estou cheia deles.
Isolamento causado pela vida, pelas decepções, quanto tempo ainda levará para o ferimento cessar?
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Queria coisas que não posso ter, queria significar algo mais no mundo, talvez um prêmio Nobel, quem sabe? Ao descobrir que me vale toda essa sensação, essa terrível oscilação entre bem e mal, variações de humor, a pessoa que sou, será que sou assim? Ou apenas me perdi por alguns anos, pelos caminhos tomados erroneamente?

"Pedi tão pouco à vida e esse mesmo pouco a vida me negou. Uma réstia de parte do sol, um campo [...], um bocado de sossego com um bocado de pão, não me pesar muito o conhecer que existo, e não exigir nada dos outros nem exigirem eles nada de mim. Isso mesmo me foi negado, como quem nega a sombra por falta de boa alma mas para não ter que desbotar o casaco [...] "

As palavras não me valem tanto, quero ações, atitudes. Se faço tanta falta porque nenhuma ligação é feita? Nenhuma visita em meu leito? Como se não fosse mesmo tão importante assim. Se sobre amizade idealizei dos filmes, dos livros, alguém para ser simples e fácil, ou até mesmo alguém para me fazer soltar toda essa raiva que vezes me assombra.
Não quero que me julguem, não quero que me peçam para ficar, não posso ter controle sobre minha própria felicidade quem dirá a de alguém. Responsabilidade tal que me assombra nas noites de frio e de calor, na verdade em todas elas - as noites-.
Me dizem que preciso me achar, pois bem, não estou conseguindo. Queria ter forças também para pedir mais, chorar mais e reclamar mais, mas qual vão sentido das palavras se ainda me deito em completa solidão.
Talvez eu deva fugir para algum lugar, correr bem longe de todas essas coisas vãs. Não peço nada senão compreensão, alguns cigarros e palavras de carinho.
Meu coração transborda em amor, porém o universo parece ter se esquecido de retornar-me tal perfeição. Me dói a facilidade que as coisas se perdem, se esvaem, me dói a rapidez que as pessoas entram e saem de minha vida, deixando saudades e sonhos, promessas não realizadas e talvez nunca mesmo serão.
Eu sinto saudades, isso me mata. Saudades de ti, saudades de mim. Saudades de nós, todos os nós pregados em minha parede.
As coisas que quero fazer, as coisas que deviria ter feito, nada tem graça nessa solidão. Porque a vida me priva de tão simples aconchego, porque é tão difícil e quase impossível juntar todos que amo em uma sala? Porque é tão difícil me encontrar com alguém, que já não esteja por ai fazendo qualquer outra coisa mais importante, como viver?
Mas tudo bem, um dia de cada vez. Uma vida por um século, por sua determinada [?] duração.
A sociedade me sufoca, as ideias plantadas em nós me impregna, as pessoas em sua falta de liberdade, aceitação, e seu carrego de insegurança.

Se fosse fácil, não seria tão difícil.

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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014 às 01:05

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