Álvares de Azevedo.

Vagabundo



Eu durmo e vivo ao sol como um cigano,
Fumando meu cigarro vaporoso;
Nas noites de verão adoro estrelas;
Sou pobre, sou mendigo e sou ditoso!


Ando roto, sem bolsos nem dinheiro;
Mas tenho na viola uma riqueza:
Canto à lua de noite serenatas,
E quem vive de amor não tem pobreza.


Não invejo ninguém, nem ouço a raiva
Nas carvernas do peito, sufocante,
Quando à noite na treva em mim se entornam
Os reflexos do baile fascinante.


Namoro e sou feliz nos meus amores;
Sou garboso e rapaz...Uma criada
Abrasada de amor por um soneto
Já um beijo me deu subindo a escada...


Oito dias lá vão que ando cismando
Na donzela que ali defronte mora.
Ela ao ver-me sorri tão docemente!
Desconfio que a moça me namora...


Tenho por meu palácio as longas ruas;
Passeio a gosto e durmo sem temores;
Quando bebo, sou rei como um poeta,
E o vinho faz sonhar com os amores.


O degrau das igrejas é meu trono,
Minha pátria é o vento que respiro,
Minha mãe é a lua macilenta,
E a preguiça a mulher por quem suspiro.


Escrevo na parede as minhas rimas,
De painéis a carvão adorno a rua;
Como as aves do céu e as flores puras
Abro meu peito ao sol e durmo à lua.


Sinto-me um coração de lazzaroni;
Sou filho do calor, odeio o frio,
Não creio no diabo nem nos santos...
Rezo à nossa senhora e sou vadio!


Ora, se por aí alguma bela
Bem doirada e amante da preguiça
Quiser a nívea mão unir à minha,
Há de achar-me na Sé, domingo, à missa

sexta-feira, 15 de maio de 2015 às 00:15 , 0 Comments

07/02/11

Ela secou suas lágrimas e tentou refrescar seus pensamentos, o mundo continuou girando à sua volta, toda angústia e raiva tomavam conta de seu belo coração que um dia vermelho, se tornara manchado, com grandes feridas. Semana passada acordara com tanto ódio que não conseguia se conter, então ela correu, correu para lugar nenhum.As pessoas passam,passam e passam , cada vez mais rápido,o mundo enlouqueceu. o tempo está acabando mas ela permanece ali

segunda-feira, 11 de maio de 2015 às 04:34 , 0 Comments

"Ele entrou novamente por aquela porta, sabia onde estava se metendo..."

... Mais um dia na vida real, acordara. O sol estava quente, seu coração vazio.


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09/08/13

às 04:30 , 0 Comments

Domingo, depressivo domingo.

Como será estar a beira do colapso mental?
Alguns pensamentos me perseguem, não me deixando dormir, as pílulas não fazem mais efeito e os dias nascem cada vez mais cinzas. Tenho que lutar contra todos esses demônios, que me fazem querer desistir e nem a dor física me faz tirar esse aperto do peito, que parece fechar todas as vias respiratórias... Sinto ele chegando, de vagar... Vou me acostumando entre um chá e outro, uma conversa e outra, e as tarefas diárias, sobe como querendo me rasgar, saio correndo para chorar em outro lugar.

Falling Down, falling to pieces...

Há alguns textos escondidos no armário, alguns segredos mais secretos. Memórias de surtos, pensamentos e toda raiva que sentia naqueles tempos. Já faz mais de cinco anos, me surpreendo ao saber que os aguentei, até aqui. Se soubesse fazer música, escreveria uma daquelas letras, como Jeremy, ou as músicas do Joy. 'my suicidal dream'.

'she's lost control again'.

Lamento tais sentimentos, com mais um papel em branco, sendo colorido por letras que vez ou outra não fazem sentidos. Não me importa. Nada mesmo faz sentido. Acordar não faz mais sentido.

Há também o que me frusta. Essa sociedade, humanidade. Pessoas matando por nada, morrendo de fome por falta de mão amiga. O poder em cima do dinheiro, o amor debaixo do travesseiro.

Quero jogar é tudo fora. Estou cansada dessa vida. Vou queimar na fogueira todas essas fotos e as cartas antigas, de quem partiu, mais de uma vez, meu coração.
Vou mudar a cama de lugar, trocar as cortinas. E vou chorar.
O passado passou, e trouce meus traumas, minhas dores. E lá que quero as deixar.
Todos os amigos, todas as memórias. Se foram, e se vão, junto com o que guardei. A saudade fica no peito, me matando lentamente, lamentando os fins.

Meu corpo parece querer e pedir para acabar logo essa angustia. Mas luto contra isso, nessa eterna luta de todas as noites.

'Give Me Novacaine"

Pelo menos não estar bem, me faz lembrar que um dia estive.

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13/10/14

às 04:23 , 0 Comments

Parei.

"Acho que foi aquele dia,
tudo ao meu redor meio que dançava e eu nem queria dançar.
Mas aí de repente,
todo mundo foi embora e eu só queria ficar.
Era como se o mundo tivesse se esquecido de tudo,
ninguém mais existia, a rua... vazia."

"Que péssimo dia para existir", pensou.
Os dias seguintes foram só uma consequência disso.
Como se levantasse todo dia para morrer, digo, cada hora que passa é uma hora a menos de vida mesmo.
A grande cidade no outro dia brilhava, com suas engrenagens a funcionar, seu protagonistas, desolados a trabalhar. Permanecia alí, como se o ontem jamais tivesse existido.
"Acho que foi aquele dia, o pior dia."
Os faróis piscando vermelho, os carros passando, as pessoas transitando, todas sempre muito ocupadas com tudo. Seu trajeto cotidiano, seu trabalho desgastante, sua família conturbada e relações inusitadas. Pessoas com passados brilhantes, futuros ofuscados.
Na nostálgica tragada de cigarro, no nostálgico gole de vinho.
A grande cidade... tão grande, tão vazia.

~~

às 04:15 , 0 Comments