conto


Começou a questionar seus passos, movimentos, pensamentos e até sentimentos... 
Quando, dia comum de domingo, lhe foi feita tal pergunta.
Refletiu, mudou de rumo, mudou de remo.
Seguiu o vento e seu coração.
Tudo batia mais forte, andara meio angustiado tal órgão involuntário. Percebeu que a pressa o estava sufocando, que mesmo se acalmasse seu coração, a cidade à sua volta não ajudava nisso. Se cansou e seguiu para o som do mar. Antes disso, correu pela cidade, pagou suas contas e falou tudo que tinha para falar. Plantou suas sementes e não se esqueceu de aguar. Deu um beijo em sua mãe que se pois a orar. E sua amada eventualmente a chorar. Deixou o beijo doce e o abraço sufocado, a esperança de voltar.
Percorrendo a cidade, viu ruas, vielas, escadarias e passarelas.
As pessoas que passavam tão desapercebidas com o ambiente ao seu redor, pela janela do ônibus, quase explodindo de dor de cabeça, sorriu ao ver um belo garoto no ponto. Do lado de fora, longe de seu alcance, apenas lhe restou observar. Ele dançava o que parecia ser a coreografia de alguma música da Britney Spears, com seu fone de ouvido. Dançando sem vergonha, sem medo de ser feliz. Fazendo caras e bocas que fez um sorriso sair do rosto, que durou mais que alguns segundos. As pessoas do ponto, tão preocupadas em seus pensamentos, suas contas, suas dividas, seus celulares, tudo de posse que têm, mal olhavam o garoto. Parecia mais como uma flor brilhando no cinza da cidade.
E o pensamento foi seguindo...
Lembrou daquela pergunta se pôs-se à rodoviária.
Ela era... "Você é feliz."
Pensando nisso resolveu toda sua vida. Decidindo mudar.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014 às 01:33 , 0 Comments

Sobre evaporar e o show da fresno.

Há tempos estava, mais uma vez, filosofando sobre a vida e as metáforas tão criativas que as pessoas conseguem fazer da mesma.
Naquele processo de evaporar, onde cada pedaço do seu ser tenta fluir, se separar, espalhar.
Ter o desdobramento total da mudança de fase e contudo suas confusões e dores, mas também, a importante experiência.
Vez em quando evaporamos, passamos por experiencias complicadas, as vezes, traumatizantes, como no amor.
Mas sempre me brota a esperança. Por essa evaporação.
Talvez o ciclo seja apenas um ciclo mesmo. Mufasa já explicara à Simba o ciclo sem fim. Posso até parafrasear Paramore

"Esse círculo nunca acaba
E está na hora de você encara-lo"

Para então, tentar concluir, que não da pra ter raiva do amor. Não tem como pensar em nunca mais ser feliz, nem poder experimentar algo que um dia lhe foi tirado. Para concluir que esse ciclo, é também dado por mudanças. Mudanças duradouras, mudanças trágicas, transições.
Certo que não é nada fácil superar um amor perdido, um namoro de um ano. Porém, toda evaporação, de uns anos para cá, me fez perder o medo. Pois minha alma já havia habitado tantos lugares, tantas transições, chorado tanto, sofrido, que não havia muita coisa mais para piorar. O tempo passa, as coisas mudam e as vezes a duradoura exposição ao sol, faz-nos evaporar. As vezes assim, sem mais nem menos. Nossos pedaços já estão por ai, se desprendendo das coisas, querendo voar, juntar-se a outras partículas e moléculas, novos ares. Para então um dia liquidificar para fluir.
Teve meses que chovia, transbordando toda dor, toda tempestade, em forma de lágrimas. Teve meses que garoava, inundando todos ao redor com aquele sentimento nostálgico do filme em baixo da coberta, aconchegante, cheio de amor.
Tive então de deixar-me.

Fluir.
Despedaçar.
Transitar.
Desprender.
Evaporar.

Pois não da para ficar sozinho. Além dos gases nobres, não há nada que seja perfeito, que não precise de alguma interação, que não possa fazer parte de um conjunto, para obter uma função.
Pensando nos números, ou até relações sociais.
Se não fosse o x, y,e z, o espaço não existiria, e desenhos 3D seriam impossíveis de serem feitos, seriamos como nos desenhos 1D, com uma dimensão, sem toque, sem curvas...
Sem outro ser humano, viveríamos e morreríamos sozinhos, por um motivo nada mais que sobreviver e morrer.
Não faria,ao meu ver, sentido algum.

...

Posso aproveitar a oportunidade, também, para dizer que pelo menos esse ano, um texto antes do meu aniversário com mais pontos positivos do que os do ano passado, isso já é um avanço.
Para sair um pouco da mesmice, quero mudar. Vou mudar.
Mudar como sempre tive medo de mudar. Aceitar a mudança, como aceitei minha evaporação -há alguns anos atrás -, flexibilidade e aprendizado. E confiar nos instintos como nunca confiei. Os tempos estão mudando,e já não tenho mais medo. Nem do amor, nem da vida.
Se for para ser, que seja. Já não consigo mais fugir, fingir.
Minhas intenções, por mais confusas e estranhas que sejam/foram, sempre foram sinceras, de coração, e errando que fui aprendendo. As chances de estragar algo novo, são enormes, e por muitas vezes mergulhei no medo do escuro, na inseguranças dos meus passos, "Seguir em frente, sem saber se há um buraco ao próximo passo, ou voltar, pisando exatamente onde pisei, até encontrar a luz por onde entrei?"
Dessa vez eu fecho os olhos e arrisco correr, sem olhar o caminho. Se não der certo, numa próxima, vou vendada e de costas, sempre em frente. Dando tchau para o que passou e evaporando por mais tempo, que seja.

Pois é. "Não é todo rio que tem um mar pra se encontrar,
da pra evaporar e encontrá-lo através do ar."

Posso dizer o que aprendi em um livro que li no começo do ano, todo sofrimento é um polimento para o ser humano, cabe a nós percebermos isso e aceitar que toda forma de sofrimento é necessária, para reflexão, para evolução e transição. Tudo que me doeu e arrancou lágrimas ao longo dos meus quase 22 anos, hoje me faz sorrir, me faz aliviada por ter passado, porque passa, tudo passa, e dura o tempo que tem que durar e passa no tempo que tem que passar. Fazendo-me sentir mais calma e aproveitar cada segundo que tenho controle sobre, o presente, única variável que quase tenho controle total, naquele segundo de decisão, de ação e instinto. Que irá definir todas as próximas ações e acontecimentos, tentando ser o mais sincera possível com amor e alegria. Carpe Diem.
Por ora, posso dizer que quero só sorrir, abraçar e beijar. Espalhar as cores mais belas pela cidade, e pintar o céu de arco-íris. Quero pensar em mim, em você e em todos.
Quero gritar que estou apaixonada e extravasar todo sentimento bom que isso me proporciona, dizer que ver os olhos dela de manhã me faz ver galáxias distantes e estrelas nascendo, na imensidão do universo, com mais magia que a própria vida em si.
Quero meus amigos, um bom rolê com risadas, bar e vez em quando chuva de forninhos.
Queria dizer também, que talvez não esteja mais evaporando, que penas não buscar algo, o faça chegar sem mais nem menos, bagunçando tudo e iniciando, novamente, tal transição de fase. Há também a possibilidade de evaporar junto, com as chance de algumas moléculas se fundirem, tornando-se quase que uma macromolécula, criando assim a liquidificação. Hora ou outra, choveremos na mesma bacia, na mesma fluente, na mesma nascente. Que seja o lugar que for, seja você quem for. O que for pra ser, será.

Sobre evaporar falei de mais, agora sobre o show da fresno....
Morrerei se tocarem essa música.

APENAS. 


quinta-feira, 2 de outubro de 2014 às 02:04 , 0 Comments

Poesia.

Queria saber fazer poesia,
para descrever em versos
os girassóis que vi aquele dia.

Nos olhos dela,
o castanho claro,
navega pelo verde,
quase que amarelo.

Fitei seu olhar por alguns segundos,
ele parecia me convidar
a um mundo paralelo.

Se eu soubesse rimar,
rimaria as letras de seu nome
com ousadia, amor com alegria,
banho gelado e noite fria.
Somaria seus olhares a paladares
que experimentei aos luares,
de vários lugares.

Queria ser poeta,
saber a reta, discreta,
que une seus laços aos meus abraços,
encurtá-la, junto com o tempo,
e fazê-lo passar mais lento,
no eterno e efêmero momento.

Calcular as curvas do seu corpo,
pelo pouco, que me resta tentar.
Dizer amar, sem pensar.

Fazer um verso sincero,
singelo,
quase que terno.
Lembrar dos beijos,
desejos,
duradouros lampejos,
de seu amar.
Me faz pensar.

Se eu soubesse fazer poesia,
ela seria assim.
Sem começo, sem fim.

Sobre você,
sobre mim.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014 às 01:00 , 0 Comments