"Teria paz se não houvesse sangue...'

~Anoiteceu, eu caminhei a semana inteira por essa cidade, os prédios, os carros, o barulho...
Tanto barulho.
De relance eu vejo algumas memórias, fecho os olhos e analiso cada passo meu~

Queria fazer mais músicas, queria expressar-me melhor, queria tanta coisa...
As vezes acho que é pedir de mais.
Não posso esperar nada dessa vida, só posso fazê-la ser melhor, melhor para mim, melhor para todos.
Também acho que é pedir de mais.
Não devo explicações, mas sinto tanta coisa.
É como quando o poeta perde sua poesia e mergulha de cabeça nesse mar de sentimentos,
a cabeça chega até a doer.

~She's lost control ~~

Houve então uma pequena explosão, meu coração pareceu fragmentar-se em mil pedaços, corri...
Manter a calma as vezes é perigoso, perdê-la então, mais ainda.
É certo: Não há um jeito seguro de viver, tampouco um jeito certo.
Somos seres tão complexos, cada coração um universo, cada coração um mundo, cada mente mil sonhos, a minha, não tão diferente da sua, e a nossa, junção extrema de universos, os meus, em colapso, desmontando, explodindo, eu não entendo mais nada, não sei...

Oh, love hurts darling. There is some kind of beauty on this.





~~"Vai doer, vai chorar, nada impede a onda de passar"

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016 às 01:35 , 0 Comments

O céu meio branco. Da janela do escritório consigo vê-lo. Mais um dia como o de ontem, na massiva rotina do trabalhador. A cafeteira sempre quente, um cigarro atrás do outro, o cafézinho da tarde. Até que meu trabalho me da prazer, não é como tantos trabalhos que vemos por aí. Vejo os prédios pela metade e quando coloco a cabeça para fora da janela, as árvores da praça da republica continuam ali, no meio daquela imensidão cinza, quando o sol baixa, fica tudo alaranjado, vejo as pessoas passando na rua, atravessando ruas frente aos carros que disputam com as bicicletas da ciclovia, vejo os policiais dando enquadros e um casal se despedindo com um longo beijo, vejo pessoas se encontrando. Observo a vida pela janela daquele 10º andar. O tempo passa depressa aqui dentro...
E os dias são assim, sempre assim... Perdido nos devaneios da minha mente, solitário. Não ter alguém para compartilhar é o convite para as conversas mais intensas e verdadeiras com todas as partes do meu corpo, aquela luta eterna da mente e coração. Não coração, não...
Encontro em mim muitas coisas, entre tormentos e medos e também paz. As lembranças dos amigos, dos amores, dos animais de estimação sempre me visitam. Reencontrar seu eu perdido, reencontrar em si, aquela ânsia de viver, aqueles velhos hábitos que fazem ser quem eu sou, particular e unicamente meus. Ah, meus lugares favoritos, a paisagem do caminho ao trabalho, cada centímetro daquela rua. Mais um dia como o de ontem, com as mesmas conversas internas. Sem respostas.
O prazer mesmo é adivinhar. Me perco nas suposições, observo sempre do lado de fora e o coração dessa vez não deixa a mente enlouquecer. Equilíbrio estranho.
Tenho meus passos, meus toques e passo sempre na mesma calçada, não sei porque.
Uma mania assustadora de manter o controle e um descontrole assustador para se descontrolar.
E eu costumava ser tão certo das coisas.
E eu espero ela passar...
Observo cada centímetro de seu corpo, cada compasso de seus passos, o modo que se movimenta, a cor de seus olhos, adoro o modo que ela se distrai. Eu espero ela passar...
Passou...
De volta ao apartamento pequeno, colchão no chão, pratos e copos ao lado, tudo espalhado.
Não lembro quando decidi morar sozinho, mais que chatice. Vou ler um livro.
Café, cigarro, janela.
Dessa janela eu observo os pássaros voando pelos prédios, as casinhas com roupas no varal, a criança brincando de bola, logo ali vejo a favela, o som do baile, o pagode do barzinho da esquina, a pipa no céu.
Mais uma noite como a de ontem e eu espero ela passar.
Dessa vez em meus sonhos, enquanto durmo. Ela passa, mas dessa vez para, me beija, se joga na minha cama, me ama. Acordo sem café, acordo sem cigarro, não tem nada nessa casa, mais uma vez minha presença.
-Bom dia, digo em voz alta para o espelho.
Sento na escrivaninha, vou escrever aquele romance...
Refletindo quão deprimente parece minha vida, me da até alegria, talvez nem seja tão deprimente assim. Eu me perco cada vez que fecho os olhos e me encontro de novo qualquer hora entre os devaneios, já estou acostumado.
Eu olho por todas as janelas, calmo, sereno, a observar tudo ao redor, espero.
Quero tanta coisa mas só espero. Querê-la é como esperar o fruto cair da árvore, mentalizo "Fique a vontade". Só eu sei o quanto o quero, mas só vou tê-lo se ele quiser e cair. Mais ou menos assim, acho. Minhas vontades quase chegam a me torturar que as vezes nem sei bem se é saudável, se penso de mais e faço de menos, mas espero.
De alguma forma sou um bom observador, as atitudes das pessoas, quando elas se perdem em devaneios, ficam longe, como eu olhando a janela, todo conjunto das últimas semanas, as brigas, as lágrimas, as explosões, a maioria das vezes nem é preciso explicar. Tem coisas que não é possível explicar.
Esse romance nunca sai, fico aqui parado pensando do que escrever e nunca sai.
Cansei, não vou trabalhar.
Mais um dia como uns outros dias atrás, em casa. Café, cigarro, um filme até adormecer...
Vou esperar ela passar.











segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016 às 23:59 , 0 Comments