Sobre ontem a noite.

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A rua estava agitada, os carros passavam como luzes vermelhas brilhantes, brincando de colorir com o amarelo do faróis.
Estava tudo tão confuso, tão belo, tão intenso...
As calçadas estavam cheias, cheias de alegria de cheias de tristeza.
Mias uma dose, mais um gole.
Viajando nos devaneios mentais, aqueles que me fazem fugir e ficar na linha tênue entre realidade e fantasia, aquele que me faz esquecer de todos os problemas e esvaziar minha mente em um constante embrulhamento de tontura e agonia.
Mais um trago, mais um trago profundo.
As coisas começam a se mexer lentamente, e há uma certa graça em como elas se comportam, o mundo continua pesado e triste, mas de certa forma agora não me importo.
A suave brisa do vento bate em meu rosto e inunda o meu ser, o vento gelado me traz boas lembranças
Mais dois goles...
Meus devaneios ficam mais intensos e o mundo começa a girar e girar, cada vez mais rápido. O mundo não é exatamente um lugar belo de se viver, não nesse sistema. As dores ficam mais intensas, sinto saudades de casa.
Mais três goles...
Está ficando mais forte, me deparo escorregando em minha própria mente, meu próprio mundo se faz em minha cabeça, tudo fica escuro, quero correr... Corro ...
Quatro, cinco, seis goles...
Está tudo lendo e rápido, muitas coisas acontecem ao mesmo tempo, estou tonta, passo mal, não posso me entregar. A noite acaba sendo uma enorme batalha entre mergulhar de cabeça nas torturas mentais, ou arrumar algo extremamente cansativo para se fazer, ocupar...
Corro, e corro mais uma vez, até não poder sentir nada além do meu coração pulsando no peito, como se pedindo, implorando para parar, e não paro, até parar... Sinto uma tontura, meus braços e pernas tremem, parece que a qualquer momento posso explodir...
Mais um gole...
O mundo se apaga.
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Sinto saudades de casa ...
Não posso voltar para casa, não tenho casa...
Lar...
Minha vida é perdida entre goles e tragos, pílulas e papéis. Não há outro lugar melhor para ir, é como precisar se sentir mais vivo do que já somos.
Lar...
De devaneio a devaneio vou sobrevivendo. A rua se torna o melhor lugar, frio e cheio de loucuras.
Lar...
Entre toda a dor e confusão. Sem entender, sem querer...
...

De repente me encontro parada em uma zona de conforto, segundos antes meu coração chorava e sangrava, gritava. Tudo ao meu redor se paralisou, aquele momento parecia ser eterno, parece que durou horas. Não sei como, por alguns segundos toda a dor desapareceu...
Depois dos segundos eternos tudo volta dobrado, triplicado e pior...
Naquele momento, tudo o que eu conseguia pensar, tudo o que eu conseguia pensar...

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You smell like home.


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segunda-feira, 26 de agosto de 2013 às 01:39 , 0 Comments


"Guardei todas as minhas coisas em caixas, dei adeus a todos os meus pertences, dei mais um beijo nos meus animais... Joguei todas as lembranças ruins no lixo, esvaziei minha mente de todos os pensamentos."

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Você nunca me amou pelas noites solitárias que passei em dor.
Você nunca me amou pelas dores que me fazem ser quem sou.
Você me amava pela minha rizada, escondida através de toda a raiva que sinto por dentro,
Você me amava pelas minhas roupas e o modo de agir.

Nunca me amou pela revolta do mundo nem pelas cicatrizes do tempo.
Nunca pelo choro e as lágrimas que escorrem toda noite.
Mas pela alegria vazia ao ver o sol nascer num lindo dia,
Pela cor dos meus olhos que por muitas vezes era cinza ,
E escondia tudo que deveria ser lido nas entrelinhas.

Eu não sei porque me amou,
Não sei dizer porque te amo...

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às 00:57 , 0 Comments

A noite está bela e a lua chora.

Por algum motivo nascera para tomar toda a culpa. Todos gritam, todos gritam, alguns batem e insultam...
Trancada de novo em seu quarto, como se fosse apenas o único lugar do mundo onde poderia escolher não existir.
A música consome seu ser e tudo que deseja é que a altura dos fones de ouvido possam ser tão altas que nada mais seja escutado, nem seus pensamentos desesperados.
Cada batida de seu coração sangra, como se estivesse mortalmente ferido...

Mais uma vez sozinha...

O silêncio se faz diante de tantos gritos, os pensamentos voam como borboletas assassinas, a ponto de, se toca-los, serão feridos pelo corte de suas asas. A paredes em branco formam uma caixa sem saída, mais seguro assim, as portas estão trancadas não há perigo.
Da janela fechada da para imaginar o céu escuro e a ausência das estrelas nessa noite, todos os objetos, todas as decorações, eles não valem de nada.

Mais uma vez confusa...

A raiva vai se consumindo, as lágrimas não param de cair, não há nada para fazer essa dor parar, todos os caminhos levam apenas para uma única escolha ... Fugir ...
Correndo mais rápido do que esses medos que a cercam, a rua vazia parece tranquila.
Correndo tão rápido que não se dá mais para ver a paisagem, muito menos o caminho, correndo tanto a ponto de seus pulmões explodirem. Não se sente nada, apenas os batimentos desesperados de seu coração, batendo, como se fosse sair do lugar...
Ontem mesmo estava em meu porto seguro, que desapareceu.
Desapareceu...

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às 00:11 , 0 Comments