Depois de muito tempo me perguntei porque nunca escrevi mais. Cheguei à conclusão que só sei escrever na dor. E por muito tempo pensei que nunca escreveria sobre ti, mas ta doendo. Ta doendo...
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Acordar as vezes fica difícil, sinto como se todos os meus órgãos implorassem para não levantar da cama e ficar ali, vegetando. Não me sinto segura nem escrevendo agora. Acho que tudo mudou, como deveria mudar. Não sei se segurar pequenos surtos me deixou assim, mas nada mais tem muita graça. Parei de ser tão impulsiva na maioria das horas e de me importar com as coisas, pelo menos, menos aparente. Parei de ser tão teimosa em relação à vida real, na realidade nunca soube viver de verdade, tudo aconteceu tão rápido. Crescer nunca foi tão fácil. As coisas que conquistei, as pessoas que amei... Carrego comigo, onde quer que vá. Parei de tentar fazer tudo diferente, com tanto esforço e me odiar pelo resultado não alcançado. A gente para de chorar, dói tanto que é quase um nada. E a gente aprende, ou não.
Se dessa vez eu mudei, tudo vai mudar. As pessoas ao meu redor, os lugares que frequentava e como eu via o mundo...
Aos amigos que cresceram comigo eu comento: Tenho medo de me tornar tudo o que hoje odeio. Muita coisa que fazia não vejo mais graça, e todo dia tento não lidar com isso da forma errada, pois no mundo não há uma alma que não seja inocente em sua essência...
A vida agora é só.
Somente o vento e o mar, a chuva e o sol ... A natureza para me dizer e me lembrar dos sentimentos. Minha alma sempre fora bucólica e hoje em dia não é tão difícil aceitar somente o deserto em minha frente e mais do que nunca quero voar sozinha.
Se cai e quebrei a asa, se me recuperei com as cicatrizes, se voei com o coração machucado e meio desordenado. Nunca mais voei da mesma forma depois da primeira queda. Se agora cai de novo. Doeu. E não vou voltar até que nasçam novas asas, pois com nessas asas não confio.
Me disseram um dia que pelos traumas e as coisas acumuladas, teria pelo menos 6 anos para me recuperar. Talvez seja verdade... Talvez três meses não façam diferença, mesmo que cada segundo pareça uma eternidade, é como estar preso em seu próprio corpo.
Se o céu é meu limite e não posso , ainda , voar... Vou me rastejando pela vida, encontrando as cobras para a prender a desviar, machucando cada pedaço do meu corpo, me forçando todo dia a andar um pouco, apenas para não ficar parada no mesmo local. O asfalto fica quente uma certa hora da tarde, na sombra de uma arvore observo os passarinhos. Oh céus.
Que dia lindo eu tive, que tristeza eu sinto.
Se nada faz sentido, espero que esse texto também não faça. Pois em meus pensamentos confusos mora a lógica desconhecida que até mesmo eu desconheço.
