Ela se sentou naquela calçada e ali ficou. Observou pessoas diferentes. Mentes diferentes. Caminhos diferentes. uma, duas, três, Quatro horas, e ela permanece, ali, sentada. Passam cachorros, familias, punks, emos, pessoas sozinhas, pessoas acompanhadas, passam casais apaixonados e casais brigando, passam crianças correndo, crianças chorando. Mais uma hora passa e ela permanece ali parada observando. a noite cai, o dia chega,escurece, esclarece. e assim que tudo acontece.
Pessoas Passam e ela observa, pessoas passam e nao notam sua presença. Ela também passa, passa fome, passa frio, passa tristeza.
Ela chora, quer companhia, quer que sejam como ela.
Para onde irei agora? Nao posso voltar.
ela sabe de onde veio. Ela foge.
Foge da vida das pessoas que ela passa a vida observando.
Ela desistiu. "Melhor sozinha do que como eles"
e Constantemente sente a vontade de voltar. Nao voltar para ser o que era, ou o que deveria ser, voltar para puxar todos que ama junto com ela. 'Corra, vamos comigo, segure minha mao e jamais havera sofrimento'
Apesar de escolher seu próprio caminho, não consegue não sofrer, a pobre garota sentada na calçada vive em constante função de ajudar as pessoas.
'eles não enxergam? como nao podem ver?' Sofre por eles, e não por si.
Ela se levanta, transita com os demais, aparentemente uma das nossas, pensa o garoto de boné que apaga seu cigarro e cospe no chão para impressionar.
Pessoas não andam mais, chegou a garota a tal conclusão, elas correm. Uma, duas, três, Quatro pessoas esbarram na garota e soltam um palavrão.
Ela se sentou no banco de uma praça. Passaram casais, passaram pessoas solitárias, passaram pessoas estranhas, passaram pessoas bonitas.
Ela perdeu o fôlego e se sentiu tonta. E quando abriu os olhos, desejou não o ter feito. Acorda no mesmo mundo em que nasceu. Por que? pensa a garota.
não seria capaz em retornar, já tomara sua decisão. Não suportaria viver em um mundo tão sujos quanto a calçada da Av. Paulista, um mundo onde não é preservada a essência das pessoas, não é preservado nada do que ela pode oferecer. Não poderia jamais suportar outra novela sendo lançada, não poderia aguentar mais um big brother, ela fujiu no momento onde quem mais ama, a puxava para baixo, a obrigava a ser como todo mundo, amor que carrega no coração, com algo preso em seu peito tão forte quanto o pólo positivo se atraí pelo pólo negativo, ela luta mas sabe, bem no fundo que, no final de tudo não poderá mudar a mente de uma pessoa diferente dela.
Ela fugiu sem olhar para traz, não suportava mais aquela sensação de nao pertencer a lugar nenhum.
Ela se sentou naquela grama, passaram passaros que com um sorriso e um piado, a desejaram boa tarde, passaram folhas, que acariciaram sua face com o mais doce perfume de natureza, passaram cachorros e gatos, que com um gesto de compaixão sentaram-se ao seu lado e observaram juntos o pôr-do-sol.
O sol se foi e veio a lua, seu brilho intenso iluminou toda a cidade, ela Observou novamente, luzes se apagaram, luzes se acenderam, o barulho de repente some, e de repente volta.
Ela se sentou naquela calçada e ali ficou. Observou pessoas diferentes. Mentes diferentes. Caminhos diferentes. Uma, duas, três, Quatro horas, e ela permanece, ali, sentada. Mais uma hora passa e ela permanece ali parada observando. a noite cai, o dia chega,escurece, esclarece. e assim que tudo acontece.
De repente ela percebe um olhar perdido entre a multidão, observa curiosamente um pequeno garoto sentado, não muito mais novo que ela, talvez da mesma idade, ele se sentou naquela calçada e ali ficou. Ela observou pessoas e caminhos diferentes, ele observou uma grande garota, não muito mais velha que ele, talvez da mesma idade.
Seria possível? A garota pensou.
Ela se aproximou do olhar curioso do garoto e fez uma pergunta
- o que faz por aqui?
e com os olhos cheios de agua ele disse algo que invadiu a alma da garota de felicidade
-não suportava mais ser como eles, eu corri, mais rápido que que essa dor que me persegue, me sinto aliviado, mas ainda dói, o mundo nao parece mais um bom lugar, eu desisto, sentei-me aqui para aproveitar meus ultimos momentos de vida.
E com um toque de esperança no olhar ela pegou a mao do garoto, e mostrou a canção dos ventos e galhos daquela arvore, o perfume daquela folha, a claridade daquela lua, mostrou-lhe o lugar onde ele sabia que pertencia.
Eles Se sentaram naquela calçada e ali ficaram. Observaram pessoas diferentes. Mentes diferentes. Caminhos diferentes.Permanecidos ali, observando e apreciando a vida, sempre a procura de mais um olhar perdido e curioso na multidão

quinta-feira, 29 de julho de 2010 às 19:49

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